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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Teca Nelma cobra esclarecimentos e critica ausência de transparência em processo envolvendo Cesmac e Prefeitura

Foto: assessoria
 Na sessão ordinária de terça-feira (23), a vereadora Teca Nelma (PT) usou a tribuna da Câmara Municipal para cobrar transparência sobre as recentes discussões em torno da gestão da Fundação Educacional Jayme de Altavila (Fejal), mantenedora do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac). 

A polêmica surgiu após a sanção da Lei Delegada nº 12/2025, pelo prefeito de Maceió, JHC, que abriu espaço para especulações sobre um possível controle maior do Município sobre a instituição de ensino superior. Para a parlamentar, a falta de clareza no processo tem gerado apreensão entre a comunidade acadêmica, que não sabe o que esperar do futuro da instituição.

“Enquanto a gestão municipal fala em mudanças administrativas, a direção do Cesmac afirma que os impactos sobre a Fundação foram suspensos graças a ações próprias e do Ministério Público Estadual”, comentou a vereadora.

Em seu discurso, Teca questionou a ausência de informações sobre pontos fundamentais, como a natureza jurídica da instituição, a cobrança de mensalidades e a forma de seleção dos professores. “Nossa juventude, nossos estudantes, precisam de respostas concretas e não de disputas políticas e versões desencontradas. O futuro da educação não pode ser conduzido na base da incerteza”, afirmou.

A parlamentar concluiu ressaltando que a gestão municipal deveria, antes de tudo, enfrentar os problemas da rede básica de ensino. “Enquanto a rede municipal sofre diariamente com escolas precárias e déficit de profissionais, a gestão prefere se envolver em disputas sobre o futuro de uma universidade consolidada. É um contrassenso que só aumenta a desconfiança da população”, finalizou.

Fonte: assessoria

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‘Ciclone de renas’: estratégia de defesa coletiva transforma rebanho em redemoinho vivo

 


Foto: Pável Lvov / Sputnik

Um comportamento curioso das renas tem chamado a atenção de estudiosos e pastores do Ártico. Centenas de renas se movem em perfeita sincronia, formando um redemoinho vivo de pelagens e galhadas, conhecido como “ciclone de renas”.

Este fenômeno comportamental é uma resposta coletiva ao estresse, seja da ameaça de um lobo nas florestas, do manejo humano em currais ou até mesmo pelo incômodo de insetos no verão.

A movimentação, geralmente em sentido anti-horário, pode durar até 12 horas nos dias mais quentes, enquanto o rebanho não encontra tranquilidade. O instinto coletivo faz com que cada indivíduo imite o outro e siga a liderança da rena dominante. Nesse processo, os filhotes permanecem protegidos no centro, enquanto os adultos ocupam as camadas externas da espiral.

Para quem observa de fora, a cena lembra uma coreografia sincronizada, mas trata-se de uma estratégia de sobrevivência. Ao girarem incessantemente, os animais confundem possíveis caçadores: em meio ao turbilhão de corpos, é quase impossível fixar um alvo específico, o que reduz as chances de ataque.

Apesar de ser um comportamento amplamente reconhecido por criadores e comunidades tradicionais do Ártico, o fenômeno permanece pouco explorado pela ciência formal. Um estudo de 2002 apontou que, embora raro em publicações acadêmicas, o “ciclone de renas” é um comportamento recorrente sempre que os animais são submetidos a situações de estresse ou confinamento.

Com rebanhos que podem ultrapassar 20 indivíduos, a “dança em roda” das renas segue sendo uma das manifestações mais enigmáticas e eficientes de defesa coletiva do reino animal.

Fonte: anda.jor.br

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Moradora é notificada por manter casinhas para cães em situação de rua em Rio Negro (PR)


 Foto: Divulgação

Uma demonstração de compaixão aos animais se tornou alvo de repressão em Rio Negro, no Paraná. Fernanda Virmond, moradora do bairro Volta Grande, recebeu uma notificação do Departamento de Fiscalização da Prefeitura da cidade determinando a retirada de casinhas comunitárias que abrigam cães em situação de rua e atribuindo a ela a responsabilidade legal pelos animais. A justificativa baseia-se na Lei Municipal 45/2021, que proíbe a ocupação de calçadas com estruturas particulares.

No entanto, para Fernanda, a medida é injusta e ignora a realidade da causa animal. “Eles vivem ali, a gente dá água e comida. Mas agora a Prefeitura está dizendo que eu tenho que recolher os cachorros e retirar as casinhas. Alimentar não significa que os animais são meus”, afirmou.

Fernanda, que se mudou para o bairro há três anos, relata que os cães já estavam abandonados na região antes de sua chegada. Desde então, ela e vizinhos passaram a cuidar deles, providenciando castrações, alimentação e até adoções. Dos cães encontrados, um foi adotado por Fernanda e dois por uma vizinha, restando atualmente quatro em situação de rua.

Para a moradora, a decisão da Prefeitura evidencia a ausência de políticas públicas eficazes para enfrentar o problema do abandono. “O que a Prefeitura investe em cães abandonados? Quem deveria tomar providências é o poder público, custeando abrigo, ajudando ONGs, promovendo castração e adoção. A população faz o que pode, mas agora querem responsabilizar justamente quem tenta ajudar”, disse.

Na defesa administrativa apresentada, Fernanda argumenta que não pode ser responsabilizada por animais abandonados por terceiros e que a retirada das casinhas, sem alternativa adequada, fere leis de proteção animal. O documento cita a Constituição Federal, que obriga a proteção da fauna, a Lei Estadual 21.670/2023, que atribui ao poder público o manejo ético de cães e gatos em situação de rua, além da Lei de Crimes Ambientais, que criminaliza o abandono. Também lembra precedente do Tribunal de Justiça do RS, que considerou ilegal a remoção arbitrária de casinhas comunitárias em Porto Alegre sem acolhimento prévio dos cães.

Enquanto a Prefeitura de Rio Negro se limita a oferecer castração gratuita apenas para famílias de baixa renda, sem ações estruturadas para acolher os animais em situação de rua, moradores como Fernanda assumem, por solidariedade, responsabilidades que deveriam ser do Estado. O gesto da moradora, em vez de ser apoiado, foi tratado como infração.

Atualmente, quatro cães ainda circulam pelo bairro e aguardam adoção responsável. “Caramela, Tigrão e Alfredinho já são castrados e recebem atenção diária da vizinhança, enquanto Pitoco, o mais novo, ainda não foi castrado”, contou Fernanda, que reforça que todos são dóceis e estão à espera de uma família.

Fonte: anda.jor.br

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Mordida em língua de boi, cães mutilados e rinhas de galo: homem é preso no Paraná por maus-tratos contra mais de 70 animais


 Foto: Polícia Civil do Paraná

Um homem de 41 anos foi preso preventivamente suspeito de maus-tratos contra mais de 70 animais em Toledo, no oeste do Paraná.

Segundo as investigações, o suspeito realizava castrações e mutilações em cães da raça pit bull sem anestesia, além de manter bulldogs franceses em condições precárias, incluindo fêmeas prenhas e filhotes recém-nascidos.

A polícia também apura práticas de crueldade contra animais de grande porte. Em grupos de mensagens, o homem chegou a compartilhar fotos e vídeos mordendo a língua e o focinha de um boi ferido.

 prisão foi realizada na segunda-feira (22/09), decretada pela Justiça a pedido do Ministério Público do Paraná (MPPR) e da Polícia Civil. O processo tramita em sigilo e a identidade dele não foi divulgada.

Segundo a PCPR, a denúncia também aponta que o suspeito obrigava seu filho menor de idade a assistir aos atos e a participar de atividades perigosas, como montar em bois e pilotar motos.

Durante investigações, mais de 70 animais foram encontrados em situação insalubre. Havia cães debilitados, aves silvestres mantidas irregularmente e dezenas de galos usados em rinhas, muitos deles mutilados e sem capacidade de locomoção.

No local, também foram apreendidas estruturas e acessórios utilizados para as brigas.

O MPPR informou que aguarda a conclusão do inquérito para oferecer denúncia. O homem está preso na Cadeia Pública de Toledo, a identidade dele não foi divulgada.

De acordo com o MPPR, todos os animais foram resgatados e encaminhados para clínicas veterinárias vinculadas ao programa de proteção animal do município de Toledo para cuidados.

Os pássaros silvestres foram entregues ao Instituto Água e Terra (IAT), e o galos foram deixados na propriedade sob a custódia de outra pessoa.

Fonte: G1

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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Saúde única: a veterinária que uniu pessoas e gorilas em Uganda


 Foto: Esther Ruth Mbabazi

Uma saúde única e, consequentemente, interligada. Essa foi a abordagem com que a médica-veterinária Gladys Kalema-Zikusoka transformou a relação entre pessoas e gorilas em Uganda. Pioneira inclusive no seu ofício – ela foi a primeira veterinária de animais silvestres do país africano – ela é um dos expoentes de um esforço para proteger os ameaçados gorilas-da-montanha. Seu trabalho ajudou a melhorar a qualidade de vida em comunidades ao redor do Parque Nacional Floresta Impenetrável Bwindi, no extremo sudoeste de Uganda.

“Na medida em que melhoramos a saúde das comunidades, os gorilas adoecem com menos frequência de doenças vindas da comunidade. E, ao mesmo tempo, as comunidades se importam mais com a vida selvagem porque mostramos que também nos importamos com elas”, conta Gladys Kalema-Zikusoka em entrevista a ((o))eco.

Em 1996, dois anos depois de Gladys começar o trabalho, havia apenas 650 gorilas-da-montanha (Gorilla beringei beringei), distribuídos em três países: Uganda, Ruanda e República Democrática do Congo. Quase três décadas depois, os números já saltaram para pouco mais de mil indivíduos. A espécie está classificada como Em Perigo de extinção pela Lista Vermelha internacional da IUCN.

O turismo de observação de gorilas foi um dos pontos-chave para o crescimento dessa população, ao gerar renda e mudaram a visão dos locais sobre os primatas. “Os gorilas realmente transformaram a comunidade”, analisa a veterinária.

Gladys foi eleita em 2021 como uma “Campeã da Terra”, a maior honraria ambiental dada pelas Nações Unidas por seu trabalho em Uganda. E em 2022 ganhou a medalha Edinburgh, que reconhece contribuições para a ciência.

A história da veterinária está disponível no livro “Walking with gorillas – The Journey of an African Wildlife Vet” (Caminhando com gorilas – a jornada de uma veterinária africana de animais silvestres, em tradução livre). A obra, lançada em 2023, ainda não tem edição em português.

Dona de um sorriso largo e uma fala entusiasmada, Gladys conversou com a reportagem de ((o))eco durante o International Primatological Society (IPS) Congress realizado em Madagascar, no final de julho.

Confira a entrevista completa:

((o))eco: O que te levou aos gorilas? Como essa história começou?

Gladys Kalema-Zikusoka: Quando eu estava criando o Clube da Vida Selvagem no meu colégio, em 1988, nos disseram que tinham encontrado gorilas-das-montanhas em Uganda e eu fiquei impressionada. E eu disse: “Quero ir vê-los.” Mas na época eles ainda não estavam habituados, mas essa semente ficou na minha mente de que, talvez, eu os veria um dia. Dois anos depois, eu fui para a faculdade de veterinária no Reino Unido, na Royal Veterinary College, na Universidade de Londres. E no final eles permitem que você trabalhe com animais da sua escolha. Então voltei para Uganda e, em 1994, tive a oportunidade de estudar os gorilas-das-montanhas porque eles tinham acabado de ser habituados no ano anterior, em 1993, para o turismo.

Consegui estudar dois grupos de turismo e um grupo de pesquisa, o que foi muito, muito empolgante. Passei um mês inteiro em Bwindi [Impenetrable Forest, parque nacional ugandense criado em 1992], numa pequena cabana. E ao final, eu já tinha me apaixonado pelos gorilas e por tudo aquilo.

Foi a partir dessa experiência que você decidiu trabalhar com gorilas?

Quando eu conheci Bwindi, percebi o quanto os gorilas estavam ameaçados pela perda de habitat. É um limite muito duro entre a comunidade e o parque. E além disso, quando eu cheguei lá, fiquei doente, gripada. Por isso, não pude ver os gorilas por uma semana inteira. E quando finalmente fui visitá-los, percebi que podemos facilmente deixá-los doentes.

Quando fomos ver o primeiro gorila, foi muito fácil nos aproximarmos dele. Ele estava sozinho. Naquele dia não conseguimos encontrar o resto do grupo. E ele estava tão calmo e relaxado – ele tinha uma mão quebrada que havia sido descoberta durante a habituação. O nome dele era Kacupira, que significa “mão quebrada”. E eu senti uma conexão muito profunda quando olhei nos olhos dele e pensei: “Quero fazer isso, eu realmente preciso proteger os gorilas”. Foi nesse momento que decidi me tornar veterinária de vida selvagem em tempo integral.

E você foi a primeira veterinária de vida selvagem em tempo integral em Uganda. Como foi que você transformou essa vontade em um trabalho de fato?

Foi bem interessante. Essa primeira experiência em Bwindi fazia parte da minha graduação em Londres, então voltei para a faculdade de veterinária e escrevi meu relatório de pesquisa. E compartilhei com o diretor executivo dos Parques Nacionais de Uganda, que depois se tornou a Autoridade de Vida Selvagem de Uganda. E eu disse a ele: “Quero ser a sua primeira veterinária. Isto é o que um veterinário faz pela vida selvagem”, e listei maneiras de como veterinários podem contribuir para a conservação.

E ele me respondeu dois meses depois – naquela época não existia e-mail – e disse: “Seu emprego está te esperando”. Eu fiquei incrédula, foi muito empolgante. E depois que terminei a faculdade de veterinária, voltei direto para Uganda para começar esse trabalho.

Como foi o começo desse trabalho e o que mudou desde então?

Quando a área virou um parque nacional [em 1992], tiveram que dizer às pessoas que elas não podiam mais entrar na floresta, o que gerou muito descontentamento. Mas, quando cheguei, as coisas já tinham se acalmado, porque as pessoas da comunidade estavam começando a ser empregadas graças ao turismo. E eles já começavam a enxergar outra forma de gerar renda além das plantações de chá. A situação da comunidade estava melhorando. Mas, é claro, muitas pessoas eram pobres. A maioria vivia em casas de barro com telhados de palha.

Quando comecei, em 1994, o turismo tinha acabado de começar. Havia apenas dois grupos de gorilas habituados para o turismo. Eram apenas 12 turistas por grupo de gorilas por dia. Havia cerca de cinco pousadas e somente uns 30 guarda-parques. Ou seja, tudo estava apenas começando, mas havia um grande clima de esperança quando cheguei.

Hoje já existem mais de 70 pousadas, 28 grupos de gorilas habituados. Eu vi pessoas saírem da pobreza. Hoje há muito mais telhados de metal do que de palha. E mais casas permanentes. Os gorilas realmente transformaram a comunidade. De verdade. Porque eles criaram empregos, as pessoas abriram negócios, vendem artesanato, oferecem hospedagem, comida, são contratados por ONGs, pelo governo. Tem sido realmente incrível.

Um dos capítulos do seu livro questiona no título “O turismo é um mal necessário?”. Quais são as oportunidades e desafios que o turismo trouxe para a região e para os gorilas?

A maior oportunidade é que agora as pessoas veem os gorilas como o seu futuro. Mesmo que um gorila vá para a horta de alguém, é muito improvável que seja morto. Às vezes, os gorilas entram nas plantações para comer bananeiras, já que existe uma fronteira muito rígida entre a comunidade e o parque. E, antes do turismo, eles nunca iam até lá porque tinham medo das pessoas, mas agora eles perderam esse medo. E eles gostam de comer o caule da bananeira, o que destrói a planta inteira e irrita ainda mais os moradores. Eles também gostam de comer a casca dos eucaliptos que a comunidade plantou justamente para não precisar cortar árvores da floresta.

Alguns dos desafios do turismo são, obviamente, as consequências da habituação. Isso leva a mais conflitos com humanos. Outro desafio é a doença. Esse é o maior de todos, porque as pessoas chegam perto demais dos gorilas, podem tossir sobre eles, transmitir Covid, gripe ou qualquer outra coisa. E os turistas querem chegar cada vez mais perto. E, à medida que os gorilas se acostumam com as pessoas, eles também se aproximam cada vez mais.

Fizemos um estudo no qual descobrimos que 60% das vezes os turistas chegavam perto demais e em 40% das vezes eram os próprios gorilas que quebravam as regras, porque eles também são curiosos, especialmente os mais jovens. Por isso, durante a pandemia, lideramos o esforço junto a outras ONGs para garantir que todos usassem máscaras ao se aproximar dos gorilas: funcionários do parque, turistas, qualquer pessoa. E quando eles vão para a horta de alguém, chama-se os “guardiões dos gorilas” para levá-los de volta – que também usam máscaras.

E durante a pandemia, os gorilas tiveram menos casos de gripe, porque as pessoas estavam usando máscaras. Então, sim, o maior problema é a doença. E agora, como o número de gorilas está crescendo – o que é maravilhoso, graças aos esforços de conservação –, não há espaço suficiente para eles expandirem.

E o maior problema atual é de que há tantas pousadas e elas estão bem na beira do parque, formando uma espécie de cerca ao redor da floresta e aprisionando os gorilas lá. Esse é o próximo desafio.

E qual o caminho que você enxerga para solucionar esse problema da falta de habitat?

Estamos tentando encontrar uma forma de expandir a área de proteção por meio de uma abordagem bastante consultiva. As comunidades estão dispostas a vender suas terras porque, se não venderem para o bem público, vão acabar vendendo para as pousadas, porque não querem lidar com tantos conflitos com animais selvagens. Esse é o próximo desafio: expandir o habitat protegido dos gorilas e continuar garantindo que as pessoas não os deixem doentes. Esse sempre será um desafio com gorilas habituados e outros grandes primatas em geral.

Um dos principais pontos do seu trabalho é a abordagem de One Health (Saúde Única) e como você trouxe a questão da saúde não apenas para os gorilas, mas também para as comunidades. Como foi que esse trabalho começou?

Em um dos primeiros casos com que tive que lidar, me disseram que os gorilas estavam perdendo pelos e desenvolvendo uma pele branca e escamosa. Eu estava há 9 meses no trabalho. Falei com uma médica humana, uma amiga minha, e perguntei qual é a doença de pele mais comum em pessoas. Ela disse que é a sarna, causada pela má higiene, e o medicamento para tratar a sarna é a ivermectina. Sarna, não Covid (risos). E conseguimos salvar o restante do grupo, perdemos apenas os filhotes.

E descobrimos que aqueles ácaros vinham da comunidade local que faz fronteira com o parque. Quando os gorilas iam comer as bananeiras das pessoas, tocavam em roupas sujas nos espantalhos que elas colocavam para espantar gorilas e outros animais selvagens, e assim pegavam sarna. Então precisávamos melhorar a saúde das pessoas.

Fizemos workshops de educação em saúde com as comunidades em 1999, três anos depois do caso de sarna. E eles nos disseram: “Nós não queremos deixar os gorilas doentes. Queremos que os serviços de saúde sejam trazidos para mais perto. Queremos mais educação em saúde, e também queremos fortalecer o grupo que leva os gorilas de volta quando eles saem do parque, os Guardiões dos Gorilas, que é uma equipe de resolução de conflitos entre humanos e gorilas”.

“Quando concluímos as oito oficinas em que conhecemos mais de mil pessoas, eu estava convencida de que não era possível manter os gorilas saudáveis sem melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas com quem eles compartilhavam seu frágil habitat. Minha abordagem para conservação havia mudado”

Trecho do livro “Walking with Gorillas”, de Gladys Kalema-Zikusoka, em tradução livre para o português

Naquele momento, eu estava prestes a deixar o governo porque consegui uma oportunidade de fazer residência em medicina zoológica na Universidade Estadual da Carolina do Norte. E nos Estados Unidos consegui financiamento para pesquisas em Uganda, olhando para One Health, que naquela época ainda não se chamava assim.

Eu estava analisando as doenças encontradas em pessoas e animais selvagens para ver como preveni-las. E foquei em uma doença, a tuberculose, que é um grande risco para os gorilas, porque envolve um tratamento diário e você realmente não consegue fazer isso com animais selvagens. Você apenas os desabitua, e eles desaparecem. É possível em zoológicos, mas não com animais selvagens, especialmente tão inteligentes como os gorilas.

E descobri que a taxa de tuberculose em Uganda é muito alta. Está entre os 20 países mais afetados do mundo. Descobri também que ao redor de Bwindi [Floresta Impenetrável, área protegida] as pessoas tinham muita tuberculose porque, quando iam ao médico, recebiam tratamento e medicação para tomar todos os dias por oito meses. Após três meses de tratamento, sentindo-se melhor, as pessoas paravam de tomar, mas ainda não estavam curadas. Precisavam terminar a dose. Então, desenvolviam tuberculose resistente a múltiplos medicamentos, que pode se espalhar para os gorilas.

Fiz o mesmo estudo no Parque Nacional Queen Elizabeth, no sudoeste de Uganda, analisando tuberculose em pessoas, búfalos e gado. Para ver se as pessoas estavam pegando tuberculose do gado e dos búfalos, por meio da carne ou do leite de animais doentes. E lá encontramos um sistema comunitário chamado CBDOTS, em que alguém, como um vizinho, observa você tomar o remédio de tuberculose todos os dias durante oito meses.

Isso ajudou muito. No fim, eu entendi os problemas no sistema de saúde pública e isso nos ajudou a criar uma ONG – meu marido foi o primeiro doador – e fundamos a CTPH [Conservation Through Public Health] em 2003, enquanto eu estava concluindo o programa de residência. No começo focamos em dois programas principais: Monitoramento da Saúde dos Gorilas e Saúde Comunitária. Com foco nas doenças que se espalham entre pessoas e animais selvagens.

Depois, adicionamos um eixo de meios de subsistência porque muitas pessoas estavam doentes porque eram pobres. Foi aí que começamos a Gorilla Conservation Coffee Social Enterprise, que está ajudando a reduzir a dependência do turismo. Porque nem todos podem ser carregadores, guardas, artesãos… Mas podem plantar café e também se beneficiar de estar perto do parque. Atualmente temos 630 agricultores. E 230 são mulheres, do que me orgulho muito.

Então tem sido uma jornada. Na medida em que melhoramos a saúde das comunidades, os gorilas adoecem com menos frequência de doenças vindas da comunidade, como sarna, giárdia… e, ao mesmo tempo, as pessoas se importam mais. As comunidades se importam mais com a vida selvagem porque mostramos que também nos importamos com elas, porque saúde é um direito humano básico.

E você fez algo incrível ao reunir o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Saúde e colocá-los na mesma mesa para falar sobre conservação e saúde pública. Porque é mais do que as zoonoses, estamos falando da qualidade do ar, da água…

Exatamente. Não é apenas sobre zoonose. Porque, na verdade, quando começamos a jornada, descobrimos que há muitos problemas conectados que afetam a conservação e a saúde pública. Não apenas zoonose. Sempre que temos reuniões, temos ambos os ministérios juntos na sala. Pessoas da Saúde Distrital, da Autoridade de Vida Selvagem, todos conversam. Reunimos todos e a comunidade percebe que é um esforço conjunto. E os governos também percebem que dependem uns dos outros.

Tem sido uma jornada empolgante. Ajudamos a criar a Plataforma Nacional de Saúde Única com nosso trabalho. Essa plataforma inclui o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do Turismo e Vida Selvagem e Antiguidades, o Ministério da Agricultura e o Ministério da Saúde. E eles se revezam na liderança a cada ano. E recorrem a ONGs como a nossa para fazer estudos de caso. Nós apresentamos nosso trabalho e eles tentam ampliar para outros lugares.

Também influenciamos a formação da Rede Nacional de Saúde do Paciente e Ambiente, que também agrega o planejamento familiar e inclui o ministro das Finanças.

E como tem sido a receptividade para essa iniciativa nas comunidades?

É outra forma de conquistar o apoio delas para a conservação, atendendo à saúde. Porque em muitas iniciativas de conservação, o gorila, a vida selvagem e a floresta são mais importantes do que as pessoas. Mas quando você diz a elas: “Olha, nos importamos com a sua saúde”. E a maneira como fazemos isso é, na verdade, incentivando-as a promover o cuidado com a saúde em suas próprias comunidades. Nós as apoiamos. Temos voluntários que são agentes comunitários de saúde que treinamos para fazer trabalho de conservação. Eles visitam todas as casas da área, cerca de 30 casas cada. E as visitam regularmente, melhorando hábitos de saúde e higiene, muita mudança de comportamento e comunicação. E também aplicam injeções para aqueles que não querem ter filhos, porque também promovemos esse planejamento familiar.

Se a comunidade não vai bem, a vida selvagem não vai bem. E se a vida selvagem não vai bem, a comunidade vai ser afetada de uma forma ou de outra. Porque quando os animais não estão saudáveis, as pessoas ficam doentes, especialmente se comem carne de caça – o que também desencorajamos. Eles compartilham inclusive as mesmas fontes de água. E quando as pessoas não estão saudáveis, os gorilas sofrem. Você não pode manter os animais saudáveis se as pessoas não estiverem bem, e você não pode manter as pessoas saudáveis se os animais e o meio ambiente não estiverem bem.

Então tentamos ver como isso é uma situação ganha-ganha para o lado da saúde pública e da conservação, e unir os dois tem sido muito empolgante. Usamos o sistema de saúde pública para alcançar as pessoas, com agentes comunitários de saúde – que alcançam todos – e adicionamos conservação, educação e mudança de comportamento. Assim, todos ouvem sobre gorilas em suas casas.

Eles entendem a importância da conservação, por que não devem destruir a floresta. Todos recebem essa informação junto com: tenha um banheiro limpo e adequado, tenha uma estação de lavagem de mãos, leve seu filho que está doente ao médico, adote planejamento familiar, tenha boa nutrição, tenha uma horta com vegetais suficientes, uma dieta equilibrada. Tudo vem no mesmo pacote e é mais fácil para eles receberem quando vem junto.

Em particular, o planejamento familiar, estimulando um controle maior do número de filhos, pode ser um tema polêmico. Como vocês trabalharam isso?

O alto crescimento populacional é o elefante na sala, enquanto você tiver famílias muito grandes, os países não podem se desenvolver. No fim das contas, esse é o maior problema: ter filhos demais. Se as pessoas não vão bem, nenhuma outra estatística pode ir bem.

Eles tinham famílias grandes, com 10 filhos, e nem todos iam para escola. Tinham que ir para a floresta caçar porque era uma família grande para alimentar. E as mulheres estavam cansadas de ter filhos todos os anos. Estavam parecendo muito mais velhas. Com 36 anos, 10 filhos e aparência de 50. Elas estavam cansadas de não ter controle sobre seus corpos. Então, elas acolheram isso, mas também os maridos, porque trabalhamos com especialistas em saúde pública que nos aconselharam como apresentar o assunto. Com os homens é sobre equilibrar o orçamento familiar. Se você tem menos filhos, reduz a pobreza no seu lar. E para as mulheres é sobre controle sobre o corpo. E seus filhos têm um futuro melhor quando você os espaça adequadamente e consegue mandar todos para a escola.

Quando trazemos isso sob o olhar do bem-estar humano, eles aceitam muito bem. Não dizemos “Não tenham filhos porque vocês vão destruir a floresta dos gorilas”. Isso não cai bem. O que nós dizemos é que até os gorilas se beneficiam e vocês se beneficiam ainda mais. Transformamos em uma situação ganha-ganha.

Voltando agora a falar de turismo, especialmente com gorilas e outros grandes primatas, como você vê o crescimento desse tipo de turismo na África, de modo geral, e como fazê-lo de forma responsável com a vida selvagem?

Ruanda começou o turismo de gorilas antes de Uganda. E agora Uganda é o país mais visitado para turismo de grandes primatas. E está indo bem porque apoia a economia nacional, o governo nacional. E é a atividade turística mais lucrativa em Uganda e Ruanda.

A Tanzânia também tem turismo de chimpanzés, ainda que seja um pouco remoto e difícil chegar. E outros países também querem encontrar uma forma de proteger os grandes primatas por meio do turismo. Porque quando você protege os grandes primatas, você impede que a floresta seja cortada. E isso foi a coisa mais importante que aconteceu em Bwindi. Se o turismo não tivesse começado, acho que não haveria floresta hoje e a população de gorilas teria caído muito. Era necessário proteger a floresta, mas claro que você precisa dar algo em troca para as pessoas, o que Uganda e Ruanda conseguiram fazer. E outros países querem aprender conosco. Mas também não devem repetir os mesmos erros. Habituação excessiva dos primatas, pessoas chegando perto demais… Crianças deveriam ter pelo menos 15 anos [para fazer o passeio].

Sempre há pressão para trazer cada vez mais pessoas e gerar cada vez mais dinheiro. Porque quando as comunidades veem que a atividade melhorou a vida de uma comunidade, eles também querem fazer turismo de gorilas. O governo fica sob muita pressão das comunidades e dos operadores de turismo que querem abrir negócios.

Todos veem isso como uma oportunidade de ganhar dinheiro e o governo fica no meio, e as ONGs como a nossa estão aconselhando a fazer da maneira correta, sem exageros. É preciso ser capaz de ver por todos os ângulos. Eu, sendo ugandense, vejo muito bem o argumento econômico. Sou apaixonada pela vida selvagem. Amo os animais. É por isso que me tornei veterinária, mas também sei que você não pode manter as coisas funcionando sem permitir algum nível de turismo e renda. Mas precisa ser feito com cuidado para não matar a galinha dos ovos de ouro.

E como está a situação dos gorilas-da-montanha hoje, em termos de conservação?

Atualmente existem duas populações de gorilas, a região do Parque Nacional da Floresta Impenetrável de Bwindi e o maciço de Virunga, distribuído nos três países [Uganda, Ruanda e República Democrática do Congo] em três áreas protegidas diferentes. E agora estamos refazendo o censo.

No último censo, de 2019, contabilizamos 1.063 gorilas. Quase o dobro de 1997, quando o censo aconteceu pela primeira vez em Bwindi e contamos apenas 650. Esperamos que os números continuem crescendo. Porque mais gorilas estão nascendo do que morrendo. Pelo menos é o que vemos entre os gorilas habituados, que acompanhamos regularmente.

Como é feito o censo?

Você conta os ninhos noturnos na floresta, porque todas as noites os gorilas constroem uma cama. Chamamos de ninho noturno. E eles também defecam nele quando acordam de manhã. Então você pode dizer a composição e o tamanho do grupo pela amostra de fezes.

Você segue a trilha e ela tem o mesmo número de ninhos, mesmo tipo de fezes, então sabe que é um grupo. Mas todos percorrem a floresta ao mesmo tempo para evitar contar duas vezes um grupo de gorilas que se moveu para outra parte da floresta. E isso leva cerca de dois meses. E uma vez feito, muitos dados são coletados pelas fezes sobre saúde humana, parasitas dos gorilas, genética. E outros animais também são contados. O que quer que se encontre, para que se tenha uma ideia do que mais existe por perto.

São duas varreduras em cada população porque às vezes encontramos gorilas que não foram registrados na primeira. Começamos em Bwindi desta vez por causa da insegurança na República Democrática do Congo. Fizemos a primeira e a segunda [varredura] começará no fim do ano. Esperamos que a insegurança diminua e então o censo na RDC e em Ruanda seja no próximo ano.

Qual é a maior lição que você aprendeu com os gorilas?

Primeiro, eles são tão gentis e acolhedores, eu simplesmente amo suas personalidades. É muito terapêutico estar com os gorilas. Mas algo que aprendi com eles é que gorilas são muito melhores do que nós para espaçar os nascimentos. Eles só têm um filhote a cada 4 anos e meio. Foi assim que eu espacei meus dois filhos. E eles [os gorilas] fazem isso sem contracepção moderna. É por isso que suas populações não crescem rápido. Enquanto os humanos às vezes têm filhos todos os anos e depois não conseguem cuidar deles, e isso se torna um problema.

Quando o novo bebê gorila nasce, o outro já consegue construir seu próprio ninho e ajudar a cuidar do mais novo. E também não é tão emocionalmente dependente da mãe. O que é muito lógico. E isso realmente ajuda no cuidado humano também. Quando você tem filhos muito próximos, quando nasce o segundo, o mais velho ainda precisa muito dos pais, mas não recebe essa atenção. Eles têm problemas de comportamento na vida. Não são bem desenvolvidos emocionalmente. Nossos primos grandes primatas sabem disso, então não cometem os mesmos erros que nós.

Fonte: O Eco  ( Duda Menegassi )

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